A heresia de Lula em terras nordestinas

Em 29/05/2025

Por: Eudo Nicolau

O Nordeste brasileiro sofre há séculos com o flagelo da seca, e de tempos em tempos, a indústria que destrói sonhos e oportunidades de milhões de nordestinos, promovido pela classe política, que não quer a solução do problema, se utilizando disso para se manter na vida pública, alcançando cargos políticos, sem a preocupação com quem sofre os efeitos da falta d’água, escreveu mais uma página deplorável na sua história.

Até aí todos nós, nordestinos, que vivemos no “deserto” brasileiro, de certa forma já nos acostumamos com essa realidade, e por incontáveis vezes nos proporcionamos a permanência nesse cenário de fome, sede, dor e sofrimento, sem a coragem necessária de dizer não, aos mesmos políticos de sempre, aproveitadores da dor alheia, profissionais da política mesquinha, que pensam tão somente no seu próprio umbigo.

A materialização de um projeto da época do império no Brasil, seria a esperança de tirar o Nordeste, desse cenário, onde o mandacaru é o ator principal dessa novela de incontáveis capítulos, que se arrasta por mais de duzentos anos, o projeto de integração de bacias, ou simplesmente, a transposição de águas do Rio São Franscisco, como os governos preferem chamar, seria uma solução, cara, demorada, burocrática, mas mesmo assim, uma solução, se não tivesse mais uma vez, o intuito de promover políticos com pensamentos sórdidos e mesquinhos, deixando a população sem água em suas torneiras, como acontece atualmente.

Pois bem, isso todos nós que aprendemos a conviver com tal dificuldade, de pires na mão, aguardando uma solução básica para o abastecimento d’água, em uma região de sofrimento em abundância, que ainda não recebeu as bençãos do velho chico, o rio da integração nacional, nos perguntamos, quando vamos acordar desse sonho que parece eterno, e deixar de ouvir os roncos ferozes dos carros pipa, como canta o poeta Flávio Leandro, em uma das suas belas canções.

Presente a sua região de origem, o presidente Lula, fez uma das falas mais infelizes da sua trajetória política, quando disse em alto e bom som, que Deus, o criador do mundo, santo, e misericordioso, teria nos colocado em condição de sofrimento por centenas de anos, aguardando “o Santo Lula”, para resolver tamanha demanda, ou seja, se colocando acima do pai todo poderoso, criador do céu e da terra, algo deplorável e digno do mais alto repúdio da sociedade nordestina e brasileira, seja católica, evangélica, ou qualquer outra denominação religiosa.

É muita petulância de alguém, dizer que Deus, nos puniu com um sofrimento quase que eterno, para beneficiá-lo politicamente, levando boa parte das pessoas presentes a acreditar em tamanha heresia. Os nordestinos merecem respeito, e ações governamentais que possam não apenas escravizar o nosso povo, precisamos de ações enérgicas, rápidas, úteis, que possibilitem a região, se colocar em condição de igualdade com as demais.

Como nordestino, Lula deveria ter mais respeito com o povo da região mais sofrida da nação, medir palavras, diminuir o discurso, e agir de forma firme para que o povo nordestino, escravizado pela classe política, nos impondo a necessidade de migrar para outros centros em busca de oportunidade, e sobrevivência, deixe essa condição e passe a viver de forma digna, sem a marca nefasta de programas sociais, que ajudam, porém, não tiram ninguém da pobreza.